Há umas semanas, no artigo sobre o frigorífico cheio ou vazio havíamos avançado de forma empírica, com contas baseadas no conceito de capacidade térmica, sobre o provável erro associado à ideia generalizada, e publicitada, de ocupar um frigorífico não cheio com volumes adicionais, idealmente cheios de líquidos.
No estudo que referenciamos neste artigo, de Hasanuzzaman et al., podemos encontrar uma experiência científica que confirma a correcção da nossa análise. Num frigorífico com a porta fechada, em que se mantém estáveis todos os parâmetros, com excepção da massa de água dentro do frigorífico, verificou-se um aumento do consumo de energia à medida que aumenta a massa de água dentro do frigorifico. A explicação é a avançada anteriormente no nosso artigo, e que se baseia no aquecimento de tudo o que está dentro do frigorífico, quando o compressor não está funcionando.
Como se pode ver pela imagem abaixo, o aumento de consumo é bastante linear, aumentando de 2,2kWh/dia para 3,5kWh/dia, quando se aumenta a massa de água dentro do frigorífico de 0 para 12 Kg de água. Segundo Hasanuzzaman et al., o aumento de consumo é de 108Wh/dia, por cada quilo adicional de água fresca.
Na mesma experiência, verificou-se o comportamento quando se abrem as portas do frigorífico. Note-se que aqui não se verifica a maior vantagem de manter uma temperatura mais estável, quando existe uma maior massa dentro do frigorífico. O impacto medido é no consumo de energia, e o que se verificou é que o aumento da massa de água dentro do frigorífico levou a um aumento ainda maior do consumo de energia, que na experiência de portas fechadas.
Como se pode ver pela imagem abaixo, o aumento de consumo é novamente bastante linear, aumentando de 1,16kWh/8h para 1,93kWh/8h, quando se aumenta a massa de água dentro do frigorífico de 0 para 12 Kg de água. Segundo Hasanuzzaman et al., o aumento de consumo é de 64,2Wh/8h, por cada quilo adicional de água fresca. Repare-se que estes valores são apenas para 8 horas, pelo que para a comparação com os valores do frigorífico fechado, para médias de um dia, uma multiplicação por 3 permitirá uma comparação aproximada.
Daqui se conclui que não deve ter no frigorífico senão aquilo que é necessário. Cá em casa, uma das estratégias é ir-se comendo o que está dentro do frigorifico, porque até o facto de permanecer lá muito tempo significa que a sua qualidade se deteriorá. Tal significa que, por exemplo, as bebidas só vão lá para dentro cerca de 24 horas antes de serem consumidas. Assim se evita um consumo desnecessário de energia…