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Previsões do IPMA

Neste artigo, fizemos uma análise às previsões do fim de semana de meados de Outubro, quando grandes fogos tiveram um impacto devastador no nosso Pais. Na altura decidi que iria fazer uma análise adicional às previsões de precipitação que eram feitas pelo IPMA.

Desde então, tenho seguido o site do IPMA todos os dias, e nas duas últimas semanas, têm sempre anunciado chuva para dali a uns dias. O problema é que nunca mais chove! A análise que se segue é relativa a Lisboa, mas cenário semelhante parece ter ocorrido para grande parte do resto do País. Os dados observados foram analisados ontem, pelo que dizem respeito às previsões até ao final da tarde de ontem, 20 de Novembro.

Para uma compreensão dos seguintes parágrafos, é necessário clicar na imagem, para ver o seu detalhe. Mesmo assim, na maior parte dos browsers será necessário clicar outra vez para ampliar. Note-se que as imagens têm uma grande dimensão!

Todas as horas observamos as previsões do IPMA para os dez dias seguintes, começando a 5 de Novembro. Em cada uma dessas horas foi construída uma coluna no gráfico abaixo. Para cada uma dessas horas, há previsões para os seis dias seguintes com uma resolução de três horas, com mais quatro dias de previsões com uma resolução de 24 horas. Tal faz com que no fundo dos dados de cada coluna haja valores em branco. Como é fácil de verificar se se observar o detalhe dos dados, as previsões do IPMA são feitas a cada doze horas, ao início da manhã, e ao início da noite.

Os valores observados no gráfico são relativos à probabilidade de precipitação. Para uma interpretação rápida dos dados, colocamos um fundo a cyan quando a probabilidade se encontrar entre 1% e 32%, um azul leve para uma probabilidade entre os 33% e 66%, e finalmente um azul mais escuro entre os 67% e os 100%:

Tomando a primeira coluna como exemplo, vemos que ela foi observada pelas 00:41 de dia 5 de Novembro. A essa altura, o IPMA previa 2% de probabilidade de precipitação para as primeiras horas de dia 9 de Novembro e para as últimas seis horas do mesmo dia 9. Previa ainda 2%, 6%, 2% e 2%, para os dias 10, 11, 12 e 13, respectivamente. À medida que vamos avançando nas colunas para a direita, vemos que os “azuis” vão afundando. Isso significou que, primeiro, as previsões anteriores de precipitação se iam esfumando, enquanto se voltava a apresentar possibilidades de precipitação mais distantes no tempo. As percentagens vão subindo, com as previsões efetuadas por exemplo na manhã do dia 11 de Novembro, a apontarem mais de 40% de probabilidades de chuva para a passada sexta-feira, dia 17 de Novembro, que sabemos ter sido um dia de sol radioso em Lisboa…

Interessante é igualmente fazer a análise na horizontal. Para além dos blocos iguais de 12 em 12 horas, assiste-se quase sempre a uma redução das probabilidades de precipitação, até atingirem os 0%… É aí que a chuva se esfuma?

A probabilidade de precipitação não deixa de ser um conceito interessante. Já me perguntei o que significará, por exemplo, uma probabilidade de 2% de chuva num dia? O IPMA vai todavia mais longe, e diz-nos qual a classe de intensidade da precipitação prevista, categorizando como fraca, moderada e forte. Estas outras previsões estão documentadas no outro gráfico abaixo. Os valores são de 1, 2 e 3, sendo que para o valor 1 colorimos o gráfico com cyan, para o valor 2 colorimos com um azul leve, e para o valor 3 colorimos com um azul escuro.

Note-se que o gráfico abaixo é um subconjunto das previsões anteriores, começando no dia 10 de Novembro. O gráfico é maior, porque neste domínio o IPMA dá uma resolução horária para os dois/três primeiros dias, seguindo-se uma resolução de 3 horas para os três dias seguintes, e resoluções de 24 horas para os dias restantes. Note-se que nesta variável, existem previsões que variam fora de intervalos de doze horas, a sugerir que os algoritmos serão distintos.

Previsão IPMA

Como é fácil de observar, também aqui a chuva se esfuma. Desde o dia 10 que há previsões de chuva para Lisboa, com as primeiras a terem sido também previstas para o dia 17, neste caso numa previsão ao final de dia 10 de Novembro. Nos dias subsequentes, as chuvas foram sendo sucessivamente adiadas, sem nunca se concretizar.

Eventualmente, sabemos todavia que irá chover. E aí provavelmente será proclamado que se havia previsto precipitação para essa ocasião. O problema é que se anda a prever que chova há muito mais tempo. E essas más previsões têm tido impacto naquilo que eu faço, e concerteza nos decisores, que se veêm a braços com situações complexas de falta de água, e que também, já devem estar “cheios” destas previsões falhadas…

Previsões do IPMA na linha da frente!

Este fim de semana foi um bocado atípico. Sabia pelas previsões de tempo que vinha aí a chuva. Nesse sentido, preparei-me fazendo limpezas e mais algumas coisas de prevenção. As previsões que vira durante o Domingo, levantavam-me todavia uma grande dúvida: segundo o IPMA, a chuva ia começar na madrugada de segunda-feira, e ía ser forte durante essa mesma madrugada, chovendo durante o resto do dia. Mas, segundo o site do IST, site que utilizo em vários contextos, a chuva só começaria mesmo ao final do dia de segunda-feira!?

Não liguei muito ao assunto. Afinal, estava numa de prevenção pessoal.

Ontem, de manhã, quando acordo, fiquei surpreendido em ver o chão seco! Aliás, algo que tinha que fazer antes de ir para o emprego, ficou logo com planeamento confuso. Mas, a vida prosseguiu…

A caminho do emprego, quando ouço as notícias, e vejo as desgraças associadas aos fogos florestais, e ao facto de eles se manterem, fez-me associar que talvez também não tivesse chovido no resto do País.

Uma consulta rápida ao telemóvel permitiu-me constatar que a página do IPMA do dia anterior não desaparecera ainda:

Previsão do IPMA ao final de Domingo

A pensar nas previsões do IST, tirei também logo um printscreen da previsão da manhã. Como podem ver, a previsão então era que começasse a chover ao início da tarde:

Previsão do IPMA ao início da manhã de ontem

Não tardou muito para que a chuva levasse outro chuto, neste caso de 6 horas:

Previsão do IPMA a meio da manhã de ontem

Entretanto, lembrei-me de ir ver se estava efetivamente a chover, ou não. As imagens do radar do IPMA diziam que sim:

Quando de seguida fui ver quantos mm de chuva tinha efetivamente chovido, qual não é a minha surpresa com a quase totalidade ausência de chuva???

Chove, não chove, talvez chova? Enfim, há muito a investigar neste IPMA.

Não é preciso pesquisar muito na Internet para descobrir que estas previsões são possíveis porque o IPMA adquiriu em 2014 o supercomputador P7, que custou uns módicos 800.000,00 euros, e que produz estas previsões que a Ministra Assunção Cristas na altura dizia colocarem o IPMA “na linha da frente”…  As mesmas previsões que permitiram induziram ao Primeiro Ministro a dizer ante-ontem, dia 16 de outubro, ( pelas 02:30 da madrugada que “as previsões da evolução meteorológica podem permitir alguma esperança nas zonas do litoral”. Foi o que se viu… As primeiras chuvas só chegaram ontem pouco antes das 22 horas.

(Revisto dia 18 de outubro de 2017)

Temperatura da água do mar

A temperatura da água do mar é um tema recorrente nesta altura do ano, sobretudo porque as queixas abundam… Da minha experiência no fim de semana passado, e do que vou ouvindo, a coisa está fria… Parece que é para repetir as temperaturas de há dois anos atrás

Neste artigo vamos deixar os apontadores que temos referenciado no passado, e onde podem ver com mais detalhe a evolução da temperatura da água do mar. A temperatura da água do mar em Portugal pode ser obtida a partir desta página do IPMA, e como podem ver esta previsão para amanhã, as águas frias abundam em toda a costa oeste portuguesa, sendo um pouco mais quentinhas no Algarve:

Temperatura água mar em Portugal

O Instituto Hidrográfico também disponibiliza informação sobre a temperatura da água do mar em algumas localizações da costa Portuguesa. O exemplo abaixo é relativo a Sines, e evidencia como no último mês a temperatura da água do mar tem estado como na Primavera, tendo afundado ainda mais nas últimas horas, para valores dignos do Inverno:

Temperatura água mar em Sines

Em termos da Península Ibérica, o site do AEMET providencia dados que abrangem não só a realidade Portuguesa, mas também toda a costa espanhola. Como podem ver, toda a zona em redor de Benidorm está uma autêntica “sopa”:

Temperatura água mar na Península Ibérica

Quem tem a possibilidade de se deslocar para o Mediterrâneo pode encontrar águas bem quentinhas em vários locais. No site da SOCIB podem encontrar um mapa de temperaturas para grande parte do Mediterrâneo. Para obter a temperatura verdadeira, há que fazer a conversao entre Kelvin e Celsius, ie. subtrair 273.15 para obter o valor da temperatura em graus Celsius. Ao largo da Tunisia estao cerca de 31ºC:

Temperatura água mar no mediterrâneo

Em termos mundiais, o site que referimos neste artigo, permite-nos ver a temperatura da água do mar no nosso planeta Terra. Só dá as temperaturas ao largo das praias, mas mesmo assim dá para perceber que as temperaturas mais quentinhas neste momento serão no Golfo Pérsico, superiores a 35ºC …

Temperatura água mar no planeta

Trovoadazinha em Lisboa

Ontem uma das notícias do dia era relativa à trovoada que se havia abatido sobre o País… Curiosamente, não fui acordado pela trovoada, mas por um alarme que despertou em função dela. É já a segunda vez que os alarmes tecnológicos me acordam esta semana, mas enquanto na madrugada de terça-feira consegui correlacionar três eventos estranhíssimos, na madrugada de ontem não fui capaz…

Só ao final do dia de ontem é que consegui correlacionar a informação. O alarme havia disparado em função do trovão? Fui ver logo ao site do IPMA, onde sabia existir uma página que enumera este fenómeno. Surpresa a minha quando havia apenas alguns à volta de Lisboa:

Trovoadas em Lisboa

Enfim, nada que se compare ao resto do País:

Trovoadas no País

O mesmo cenário pode ser comprovado no site lightningmaps.org:

Trovoadas em Portugal

Enfim, o que me faz pensar que foi só uma amostrazinha para os Lisboetas… Nada como na minha infância, passada em locais onde havia trovoadas a sério! Enfim, talvez este seja um reflexo positivo das Alterações Climáticas, o de não estarmos já coletivamente habituados a coisas normais do passado? O que não é todavia nada positivo é ser acordado pelos sensores, e não pelo ruído sentido!!!

Fake news

O termo Fake News está na moda. É apenas a iteracção mais recente de uma onda que grassa pela Internet pela enésima vez, e esta não será a última…

Nos meus anos iniciais da Internet, aí até 1995, assisti ao crescimento de uma rede, na altura completamente underground. Durante esse período, assisti na primeira linha à perseguição que foi feita à Internet em Portugal. A Internet era supostamente uma coisa muito má, e que já na altura ia contra os interesses de muita boa gente. Cá dentro, mas também lá fora.

A Internet continuou a ser uma coisa muito má. Para muita gente. Também para os Media. E não espanta que seja gente influente a puxar por esta questão do Fake News… Vamos então a um exemplo muito concreto de Fake News…

Ontem, ao início da manhã, tropecei numa notícia muito gira, que diz que nevou no deserto do Sahara, e que terá sido a primeira vez em quase 40 anos que as montanhas se cobriram de branco. O domínio do clima é um dos exemplos perfeitos de Fake News, mas eu sou suspeito, porque não me lembro regra geral do tempo de há mais de 24 horas…

Ora, numa altura em que o domínio é da teoria do Aquecimento Global, pareceu-me que havia gato… O link do Observador é para o Telegraph, um jornal de referência. Este, por sua vez, linka para um site de Ciência, e procurando um pouco mais na Internet vê-se como a história está fundamentada nesta que parece a fonte original.

Acontece que há um problema com todos estes Media de referência. Ninguém sequer parece ter-se importunado em entrevistar o fotógrafo que tirou as fotos. Há pelo menos uma excepção que encontrei na Internet, juro que dois minutos depois de ler a notícia original do Observador. Sabendo que não ia conseguir facilmente ver sites em Árabe, tentei a minha sorte em Espanhol, pois conheço bem as maiores afinidades dos jornalistas do país vizinho com o Norte de África.

A verdadeira notícia encontrei-a no El Pais, onde um jornalista se lembrou de entrevistar efectivamente o fotógrafo. E o que disse o fotógrafo?

  • En verano hace calor, pero en invierno pasamos muchísimo frío
  • No es la primera vez que hago fotos de mi ciudad nevada. Hace tres años también nevó
  • Dicen que hace casi cuarenta años que no nieva en el Sáhara. No nieva todos los años, pero sí sucede de vez en cuando. Es raro, pero no rarísimo

Um meteorologista entrevistado alinha pelo mesmo diapasão:

  • La nieve en el Sáhara no es normal, pero no es tan extraña. Las nevadas en esta ciudad argelina pueden deberse a la gota fría que se originó al oeste de Portugal el pasado viernes. Ese temporal ha viajado por el norte de África, pasando de Marruecos a Argelia
  • pero es falso que en 37 años no haya nevado en este desierto

O artigo termina ainda com exemplos que parecem regurgitar Fake News. Como este exemplo. E outro que se descobre depressa. Vai-se a ver e neva muito mais no deserto que em Lisboa! E se ficasse aqui mais um bocadinho, de certeza que encontrava mais…

Da próxima vez que ouvirem falar de Fake News, e culparem o Zé Povinho que anda no Facebook, entre outros, lembrem-se que hoje em dia quase todos propagamos Fake News muito rapidamente! E para que fique aqui mais uma lista de sites com Fake News, deixo aqui exemplos evidentes:

Actualização: As fake news chegaram à NASA, que não só se refere também ao hiato entre 1979 e o presente, como ainda por cima recomenda a leituras das fake news dos Media! O problema deste site da NASA é que deviam ter olhado para outros sites da NASA, como este que relata o nevão de 2005. Uma pesquisa rápida pela Internet revela caídas de neve substanciais em anos recentes, como o 2005 já referenciado, 2008 e também 2012 (já linkado acima), com fotos aqui. É mesmo possível observar vídeos no Youtube do último evento de neve de Ain Sefra em 2012, bastando procurar no Youtube pelos termos “Ain Sefra neige”. Um exemplo é o seguinte:

Fogos

Quando há uma semana previ que vinha aí muito calor, imaginei logo o que vinha com ele. Com o vento de leste associado, estavam criadas as condições ideais para os fogos florestais em Portugal. Portugal, que lidera vergonhosamente na Europa neste tema, conforme podem ver neste artigo de Joao Miguel Tavares, que penso referenciar este estudo da Comissão Europeia.

No meio da informação que recolhi por estes dias, devo realçar o site fogos.pt, (dados retirados da Autoridade Nacional de Protecção Civil) onde é possível ver em tempo real o estado dos fogos em Portugal. O que mais me surpreendeu foi a precisão, que inferi da absoluta correcta localização de dois fogos em concreto. Como e porque nasceu não me surpreendeu nada! Fica pois como uma referência…