entoando…
Quem me conhece sabe que tenho uma sinusite crónica de estimação. E isso também é perceptível para quem segue o podcast. Tenho-a há umas duas décadas, pelo menos. Já tentei de tudo, já fui operado, levei injecções, tomei milhentos medicamentos, mezinhas e outras coisas que tal. Experimentei todas as boas práticas, incluindo as compressas, a água do mar, a inalação de vapores, e várias outras. Algumas dão umas melhorias rápidas, especialmente aquelas injecções de cavalo.
Ultimamente, talvez por causa do Inverno que nunca mais acabava, estava a atingir aquele estado de arte em que a sinusite nos verga. Antes de ir ao médico, resolvi experimentar mais uma daquelas terapias “milagrosas”, mas que tinha posto de lado, como tantas outras. Tinha-a descoberto na net, tinha uma base científica, mas não cheguei a experimentar. Talvez pela cautela contínua que tenho, e todos devemos ter, em relação a coisas que encontramos na Internet, especialmente no domínio da Saúde!
Bem, pensei, entoar/cantarolar/trautear (qual a melhor tradução? em inglês, “humming”) um bocado não deveria ter efeitos secundários. Nos últimos dias tenho cantarolado baixinho todo o dia! No início, dado o entupimento das fossas nasais, não conseguia cantarolar mais que um ou dois segundos. Mas os resultados começaram a surgir nas duas primeiras horas!
A origem desta hipótese remonta a 2002, num trabalho de Weitzberg e Lundberg, que teorizaram que o óxido nítrico (NO) poderia aumentar nos seios nasais quando se entoava um som. Experiências em 10 pessoas revelaram uma produção 15 vezes maior de óxido nítrico quando se cantarolava! No ano a seguir, uma equipa maior confirmou os resultados e até verificou que os resultados são tanto maiores quanto mais grave for o som entoado. Mauro Maniscalco, um dos membros dessa aquipa, escreveu mesmo uma tese, consolidando as descobertas.
Em 2006, George Eby descreveu o tratamento de um doente com sinusite crónica aguda em apenas quatro dias (apesar de um caso não ser propriamente uma análise significativa, e de o site de George Eby deixar muito a desejar). Tal como verifiquei posteriormente, é preciso entoar/cantarolar levemente, pois algum exagero tende a provocar algumas tonturas ou mesmo hiperventilação.
Adicionalmente, o entoar/cantarolar também serve como relaxante e faz-nos felizes, tendo um enquadramento histórico deveras interessante. Se conhecerem alguém com sinusite crónica, ou outras formas de entupimento das fossas nasais, como é o caso da rinite alérgica, sugiram-lhes que entoem/cantarolem um pouco. Pelo menos, mal não deve fazer… E digam-nos aqui os resultados!