Há uns anos havia isolado cá em casa as caixas de estores dos quartos. Na altura não fiz o isolamento da sala. Agora dei-me conta que tinha uma oportunidade rara de estudar o comportamento do isolamento da caixa de estores, dado que temos duas janelas e duas caixas de estores na sala. Assim, procedi ao isolamento de uma das caixas de estore, conforme a imagem abaixo documenta. Entre o estore e a parede exterior foi colocada uma fita de vedação e isolamento de espuma, enquanto entre o estore e a caixilharia da janela foi necessário colocar duas (dado o espaço existente), a primeira mais resistente, e uma segunda de espuma, tal como a exterior.
Como as janelas estão separadas por 50 cm, e na mesma orientação, procedi de seguida à análise do comportamento térmico ao longo de uma madrugada. Repare-se que, no topo da janela cuja caixa de estores havia sido isolada, o espaço encontrava-se agora fechado. Para isso, coloquei entre cada uma das janelas e os estores, um termómetro, a cerca de 80 cm de altura. Nos gráficos abaixo, os gráficos a vermelho representam a janela cuja caixa de estores foi isolada, e a azul a outra janela.
Neste primeiro gráfico, podemos observar que inicialmente a temperatura fora da janela vai descendo, em função da descida da temperatura exterior. Quando se fecham os estores, o termómetro passa a registar uma subida da temperatura, função das perdas de calor do interior da habitação. Curiosamente, a janela não isolada regista uma subida de temperatura mais significativa, que atribuo à maior perda de calor. Todavia, as duas temperaturas acabam por estabilizar, durante umas horas. Quando no final da noite de passagem de ano fechámos as cortinas na sala, a temperatura caiu mais significativamente na janela não isolada. Como a cortina passou a funcionar como caixa de ar, o maior isolamento da janela isolada permitiu manter uma temperatura mais elevada. Repare-se que a partir do momento em que as cortinas foram fechadas, as temperaturas do lado de dentro da janela tornaram-se independentes…
Para avaliar este último factor, no dia seguinte medi a evolução das temperaturas no interior das janelas, para verificar a evolução da temperatura onde realmente interessa: no interior da habitação. Desta vez, os termómetros foram colocados a cerca de 50cm de altura, entre as janelas e as cortinas, com os estores fechados. A evolução é visível no gráfico abaixo, onde podemos verificar que inicialmente a temperatura evolui sincronizada, dado que ambos os casos reflectem a temperatura da sala. A partir do momento em que se fecham as cortinas, as temperaturas tornam-se independentes, e verifica-se que desce de uma forma mais rápida na janela onde não foi efectuado o isolamento dos estores.
Conclui-se portanto que o isolamento é benéfico. Mas ainda não sei se procederei rapidamente ao isolamento da outra caixa de estores, ou se a deixarei mais uns tempos, até ao Verão, para poder medir as diferenças em outros cenários de temperaturas exteriores.