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Tempo para sair do aeroporto da Portela

Como referimos em artigo anterior, a experiência do utilizador no aeroporto de Lisboa está cada vez pior. Num voo recente, decidi cronometrar quanto tempo demorei a sair. A motivação principal derivava do que escrevera neste artigo, e que está associada ao tempo que perdemos no aeroporto, quando vamos buscar alguém.

No meu caso, o tempo entre o avião acabar de aterrar (no final da pista), e eu sair para a parte pública do aeroporto, foram cerca de 25 minutos. Este tempo tem algumas particularidades que exporei abaixo, pois pode variar em função de vários factores.

No meu caso, o voo era da Ryanair, pelo que dirigido ao terminal 2. Como o avião aterrou no sentido sul-norte, a direcção habitual, teve que fazer o taxiway até ao terminal 2. Este tempo será necessariamente inferior se a aterragem se verificar no sentido norte-sul. Se o destino for o Terminal 1, tipicamente, para a maioria dos casos, o tempo também deverá ser inferior.

No caso específico dos voos destinados ao terminal 2, os passageiros desembarcam e são enfiados dentro dos autocarros. O mesmo acontecerá, digo eu, aos voos que estacionam na placa do aeroporto, e não utilizam as mangas. Não vale a pena ter muita pressa, e ser dos primeiros a sair do avião, porque os autocarros partem normalmente muito próximos um do outro, e quando praticamente apenas todos os passageiros tiverem saído.

No caso do terminal 1, quem sai primeiro pelas mangas, entra logo no aeroporto, e estará no caso dos voos do espaço Schengen, rapidamente no exterior do aeroporto, se apenas tiver bagagem de mão.

Depois do autocarro arrancar, é mais um trajecto até ao terminal 1, onde os passageiros são despachados na outra ponta do aeroporto. Como já referimos anteriormente, a caminhada é longa, até ao ponto onde anteriormente os passageiros eram deixados. Aí, é só percorrer mais uns metros, e já estamos cá fora…

O meu próximo objectivo vai ser detalhar os vários tempos que compoem o tempo total. Seria igualmente interessante comparar com cenários de outros aeroportos, mas sou um passageiro pouco frequente, para ter essa experiência. Não há muito que possamos fazer, mas se as autoridades olhassem para este problema como deve ser, aí os passageiros frequentes, talvez poupassem muito tempo…

Papel, qual papel?

Ontem, depois de muitos meses de espera, deram-me o papel! Disseram-me que agora tinha que iniciar a ronda seguinte. Para isso, tinha que pegar no papel e levá-lo a vários sitios. No primeiro sítio, teria que levar cópia do papel, e o papel (original), bem como mais papéis copiados de outros papéis originais.

Assim fiz. Na primeira paragem, tirei a senha e fui copiar os papéis. Para ganhar tempo. Quando voltei, começou a primeira espera interminável do dia. Quando fui finalmente atendido, a funcionária não foi de modos, depois de lhe explicar ao que vinha: e o papel, o papel mais importante? Expliquei-lhe que na Câmara tinham-me dito que esses eram os papéis a trazer. Tinha trazido muitos outros papéis também, mas faltava o papel deles! E o estúpido era eu, até porque o podia ter impresso na Internet.

Mas havia uma solução! Com outra senha, podia comprar o papel ao lado, pela módica quantia de quase 3 euros! Tirei a senha, e ia nos 80 e poucos. Era o cento e tal… Esperei uns minutos, mas depois comecei a perceber que as senhas não andavam. E às horas que eram, deveria estar ali entre uma hora e uma hora e meia. Como estava quase na altura de almoçar, e depois de fazer umas contas de cabeça, deu para perceber que tinha vantagem em passar ainda pela empresa, para resolver as questões mais prementes, e ir almoçar como combinara. E deu para imprimir o papel, aliás, as duas folhas…

Voltei com o papel, aliás os papéis, e fui entregar os papéis. À segunda, lá consegui entregar os papéis, e passar à fase seguinte da ronda de papéis.

Quando cheguei à ronda seguinte, mais uma senha, mais uma espera, para me dizerem que o papel que vinha da ronda anterior estava mal preenchido! Não havia volta a dar-lhe: voltar com os papéis ao início da ronda. Mais uma senha e mais uma hora de espera, tal como dezenas de outras pessoas. Para corrigirem o papel, um novo papel aliás. Vale que tinha impresso dois papéis anteriormente…

Agora que já tinha o papel como deve ser, toca a tirar mais uma senha na segunda ronda. E esperar, esperar! Sabia que ia ser atendido pela mesma funcionária, dedicada ao serviço. Estava na senha 7 e eu era o 9. Fui controlando a passagem de 7 para o 8, enquanto fazia multitasking, mas nada acontecia. Até que comecei a perceber que me estavam a passar à frente! Até o senhor “doutor” que acabara de entrar se chegou à frente, e sem qualquer senha, se pôs a tratar dos seus papéis. No meio deste filme surreal, os serviços fecharam a porta, mas até uma adolescente furiosa a bater à porta, com o olhar do pai a ajudar, conseguiu ser atendida à minha frente!!!

Enfim, o papel, qual papel, continua claramente vivo na nossa sociedade, a dar cabo da nossa paciência, qual gato de sete vidas:

Paciência

nivel xadrez

Treinando a paciência

Ter paciência é uma característica que tenho vindo a notar que cada vez menos existe. Tal resulta, em meu entender, da aceleração da vida moderna. Tudo tem que acontecer rapidamente, e se não acontece, lá se vai a paciência…

Dominar as virtudes da paciência exige muito auto-controlo, sendo que a persistência e a perseverança ajudam. Respirar fundo, manter a calma, e continuar no sentido planeado são técnicas importantes neste domínio. Dependendo da situação, esperar pelo momento certo, ouvir os outros, não ter pressa, e não provocar a ansiedade, são atitudes que também contribuem para que não sejamos impacientes.

Um dos exercícios que efectuo para treinar a paciência é jogar xadrez. Jogo apenas com o meu telemóvel (não como os profissionais), porque conheço poucas pessoas que gostem de jogar xadrez de forma paciente. A estratégia que utilizo é subir de nível quando ganho e descer quando perco. Quando subo de nível, o telemóvel pensa mais tempo e eu tenho que ter paciência para ele jogar. O que me dá também mais tempo para pensar…

O jogo que utilizo é o Chess for Android, e na última semana consegui atingir o penúltimo nível, em que o telemóvel demora 90 segundos a decidir a sua próxima jogada. Distraí-me e ganhou-me, pelo que desci de nível. Mas fiquei muito satisfeito comigo mesmo, porque noto que realmente tenho aumentado a paciência nos últimos tempos…

Como funcionam as autarquias?

A passo de caracol...

Autarquias a passo de caracol…

A 20 de Fevereiro meti na Câmara Municipal onde resido um pedido de um processo simples. Ou pelo menos assim parecia…

A 16 de Março, sem saber o que estava a acontecer, resolvi ligar para a Câmara, e perguntar como estava o processo. Responderam-me que faltavam elementos, até me disseram quais eram, e que iria receber um ofício brevemente. Passei todos os dias a verificar se tinha correio…

Passada uma semana, no dia 24, sem ofício no correio, resolvi voltar a ligar. Desta vez a resposta foi diferente: que seria enviado um ofício sim senhor, mas que o Director ainda não havia despachado o assunto! Mais me adiantaram que o ofício estava com o Director desde dia 11… Quando perguntei se poderia fornecer desde já os dados em falta, disseram-me que não, até porque o Director poderia achar que não, e assinar outra coisa qualquer!!!

Perante esta clarividência, no dia seguinte desloquei-me logo às 9 horas aos serviços da Câmara. Para minha grande surpresa, o atendimento técnico disse-me que o Director já havia assinado o ofício! Perguntei se poderia ter acesso ao ofício, sem necessidade da Câmara ter que o enviar por correio. Disseram-me que tinha que falar com outra pessoa, mesmo ali ao lado. A resposta dessa pessoa, obviamente não preparada para a questão, e com nenhuma vontade de me ajudar, foi direccionar-me para outra pessoa. Tirei mais uma senha, e fui atendido pela terceira pessoa. A terceira pessoa verificou, verificou, e finalmente disse-me que o Director ainda não tinha assinado!!! Nem queria acreditar! Disse-lhe que o colega dela tinha dito que sim, e para sorte minha, o colega passou por detrás. Degladiaram-se um ao outro, para ver quem tinha razão, e eu a assitir ao espectáculo vergonhoso! No fim, confirmaram que o Director já tinha assinado, mas que eu não podia ter acesso ao ofício! Tinha que esperar pacientemente por ele no correio… Mas foram pelo menos capazes de confirmar o teor de dia 16. Mas logo me trataram de avisar que só podia fornecer os dados em falta quando tivesse recebido o ofício!

No dia 31 de Março, voltei à carga. Tiro um ticket, e sou chamado para um posto de atendimento imediatamente. Mas não está ninguém no posto de atendimento! Fico de pé a aguardar uns bons minutos, quando finalmente chega alguém que se senta. Sento-me também e fico a aguardar. Passado aí um minuto, pergunto à funcionária se estou no sítio correcto, mostrando-lhe o ticket? Diz-me secamente que tenho que aguardar! Entretanto, por trás de mim aparece outra pessoa, que entrega um monte de papéis à pessoa à minha frente. E que lhe pede de forma descarada o ponto de situação sobre outros processos parecidos com os meus. E vai dando respostas, e para aqueles que ainda não tinham resposta, que não se preocupasse, que falaria com o Director, para ele assinar, e que ainda hoje de tarde lhe ligaria para lhe dar conta do processamento!

Depois desta actuação descarada, a funcionária vira-se para mim, obviamente mal disposta, e depois de grande pesquisa, pelo menos dez vezes mais lenta que o despacho a que assistira, diz-me que o ofício ainda está para ser enviado! E que tenho que continuar a aguardar pacientemente, sem nada poder fazer…

A carta registada foi entregue em minha casa no dia 1 de Abril, mas só no dia seguinte a consegui levantar, pelo facto de vir em correio registado, e de não estar ninguém em casa na altura do carteiro passar. Várias semanas perdidas, porquê?

Portagens à meia noite

No passado Sábado, 28 de março, parei para pagar uma portagem. Naquelas que são automáticas. Meto o ticket e logo de seguida o cartão multibanco. Não funciona. Tiro e confirmo que o meti bem. Volto a enfiá-lo, e volta-me a dizer que não! Estranho… Meto um cartão de crédito. Também não funciona. Volto a tentar várias vezes…

Uma voz interrompe-me. Diz-me que eu tenho que pagar em dinheiro, porque a SIBS não está a funcionar. Que, aliás, nunca funciona por estas alturas (presumo que ao início da madrugada, talvez de Sábados?). Returco que não tenho dinheiro para pagar a portagem. O senhor do outro lado, a contra-gosto, diz que me vai passar um talão para pagar posteriormente, mas só passadas 48 horas. Pede-me o número de contribuinte, que começo a ditar. Mas antes de eu acabar, já o talão está a sair! Confirmo o óbvio, e pergunto-lhe onde está o número de contribuinte. Responde que não me ouviu! Vou-me embora sem paciência para aturar um funcionário mal humorado.

Deixo passar as 48 horas. Na segunda-feira de manhã, tento fazer o pagamento no meu banco. Dá-me um erro qualquer, e presumo que meti mal os códigos. Volto a tentar, mas dá a mesma coisa. Saio e volto a entrar no homebanking. Mesma coisa! Telefono para o Banco a perguntar o que se passa? A Brisa ainda não deve ter fornecido os dados à SIBS, e por isso é que não funciona!

Telefono para a Brisa. Na Brisa encaminham-me para o respectivo departamento. Explico a situação, mas do outro lado alguém se põe a fazer contas de cabeça. Percebe que já passaram as 48 horas, mas mesmo assim insiste em que eu devo ir tentando fazer o pagamento, como se não tivesse mais nada que fazer! Pergunto-lhe para confirmar os dados de pagamento que tenho, mas o funcionário diz que não tem acesso a esses dados, mas oferece-se para me facultar outro, como se eu fizesse colecção deles. Perante tanta incompetência, não me resta senão desligar a chamada. Penso se não me acontecerá também uma saga

Passadas 24 horas, volto a tentar. A mesma coisa! Desta vez, segue um email para servico.cliente@brisa.pt. Até à publicação deste artigo, não obtive resposta!

Finalmente, ontem voltei a tentar. Funcionou. Por causa da incompetência da SIBS e da Brisa, fartei-me de perder tempo… E os leitores, também já lhes aconteceu alguma coisa do género, nomeadamente impossibilidade de pagamento pouco depois da meia noite?

Às voltas no aeroporto de Lisboa

Da última vez que cheguei ao aeroporto de Lisboa, para além da história dos taxis, dei-me conta que algumas coisas mudaram, para muito pior.

A mais significativa é o local onde os passageiros agora são despejados, aqueles que são levados de autocarro a partir do avião. Quando o autocarro não parou no local habitual anterior, fiquei a pensar no que estaria a acontecer. Para minha grande surpresa, fomos levados para o topo norte do terminal principal do aeroporto da Portela. Para começar, foi subir as escadas com as malas, pois a escada rolante estava avariada. Mas foi só quando percorria depois o espaço das lojas comerciais, todas fechadas naquela altura, que percebi imediatamente o esquema.

Quer dizer, na verdade na altura não me dei conta que podem haver vários esquemas envolvidos. Para além de tentarem dinamizar as lojas, provavelmente para justificarem um posterior aumento da renda, porque tem mais passageiros a passar por lá, se calhar há outras motivações.

Um exemplo é o dado pelo aeroporto de Houston, que fez um grande esforço para reduzir o tempo de espera de bagagens. Ainda assim, as queixas dos passageiros era muito elevada. Quando perceberam bem o problema, que para eles era os passageiros chegarem demasiado depressa à zona de bagagens, obrigaram-nos a fazer um percurso seis vezes superior!

Lendo uma entrevista deste ano de Jorge Ponce Leão, até se percebe que o objetivo passado para a opinião pública seja distinto:

  • Um aeroporto não é um centro comercial. Antes de ter consumidores é fundamental ter passageiros, sem os quais não teremos consumidores.

A leitura do resto da entrevista dá mais sinais contraditórios. O Presidente da ANA fala no “conforto do passageiro” e na “redução dos gazes com efeito de estufa“, mas na prática esta medida de obrigar os autocarros a dar uma volta maior e obrigar os passageiros a fazer longas caminhadas, tem efeitos exactamente opostos!

Se multiplicarmos o tempo que cada passageiro perde nesta caminhada, pelos milhões de passageiros que ali passam por ano, logo percebemos no desperdício colectivo que constitui. Mas, como o artigo do New York Times refere, é tudo uma questão de percepção…