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Desperdício no pára-arranca?

Local de desperdício

Local de desperdício

Ontem correu nos Media uma notícia que dava conta de cinco milhões de euros por dia queimados no trânsito. Obviamente, chamou-me logo a atenção, porque está muito relacionado com o tema da poupança, ou melhor, do desperdício, não só de combustível, como também de tempo, como evidenciamos neste artigo.

A afirmação que foi feita aparentemente não foi bem essa, e aqui é que começam as dúvidas! António Costa e Silva, diretor-geral da Partex, aparentemente terá referido que “Portugal podia gastar menos dois mil milhões de euros a comprar petróleo, todos os anos“, só por via do desperdício nas filas de trânsito.  A diferença entre o valor diário e anual não é pequena, até porque filas aos fins de semana não é coisa muito comum, e afinal são 2/7 dos dias do ano!

O problema torna-se ainda mais caricato quando se olha para os dados da DGEG. O ano passado, o Saldo Importador de produtos energéticos foi de 6.23 mil milhões de euros,  pelo que supostamente então o pára-arranca nas filas de trânsito já representa 32% do consumo total da fatura energética do País???

Mas, sabendo-se que os produtos energéticos não são apenas produtos petrolíferos, é preciso continuar a escavar para ver quanto é que realmente representa o pára-arranca. No documento da DGEG sobre a Fatura Energética Portuguesa, na página 6, confirmamos o valor de saldo de 6232 milhões de euros. O detalhe desses valores está na tabela da página 7, do mesmo documento. Se excluirmos a energia eléctrica, a hulha, carvão, biomassa e gás natural, temos então as seguintes contas:

  • Importação de Ramas e Refinados: 9492 M€
  • Exportação de Refinados: 4882 M€

Ou seja, não temos que comparar com 6232 milhões de euros, mas sim com (9492-4882)=4610 milhões de euros. De repente, o pára-arranca passa a representar 43% do Saldo Importador de ramas e refinados…

Mas, todos têm a ideia que o petróleo que se importa não vai todo para gasolina e gasóleo rodoviário. Olhando para o mesmo documento da DGEG, na página 13, percebe-se isso imediatamente!

Mas, escavando ainda um pouco mais, nas Estatísticas Rápidas da DGEG, relativas a Dezembro passado, percebe-se na página 5, relativa aos combustíveis rodoviários, que o consumo em todo o ano de 2013 terá sido o seguinte:

  • GPL Auto: 30 kt
  • Gasolina IO98: 78 kt
  • Gasolina IO95: 1015 kt
  • Gasóleo: 4088 kt

No mesmo documento, na página 10, temos a estrutura de preços, sem taxas, para três dos tipos de combustível (repliquei o custo do que falta – Gasolina IO98 – a partir da Gasolina IO95):

  • GPL Auto: 0.544 €/litro
  • Gasolina IO98: 0.696 €/litro
  • Gasolina IO95: 0.696 €/litro
  • Gasóleo: 0.759 €/litro

Note-se que estes preços sem taxas incluem já muitos custos depois do custo da matéria prima, o petróleo, nomeadamente os custos de refinação, transporte e margem comercial. Neste documento da ADC estima-se no ponto 132 que entre 2008 e 2011, a logística e o retalho representam 13 cêntimos por litro, quer na gasolina, quer no gasóleo. Não é crível que esse valor tenha baixado significativamente. Adicionalmente, há o valor incorporado pelas refinarias portuguesas, mas isso ainda é mais complicado calcular…

Utilizando as tabelas de densidades,

tenho assim que deixar de fora o GPL Auto, para o qual não arranjei valores.

Finalmente, temos um custo por combustível, para o total de 2013, dado pela fórmula

  • Σ (Consumo x 1000000 / densidade ) x ( PreçoSemTaxas – ValorLogísticaRetalho)

inferior a 3900 milhões de euros.

Nestas circunstâncias, os 2000 milhões de euros citados como custo do pára/arranca parecem-me claramente excessivos. Dizer que o pára/arranca permitira poupar mais de metade das importações de produtos petrolíferos associados aos combustíveis rodoviários, parece-me claramente excessivo… É que isto das previsões vs realidade tem muito que se diga!

Ainda assim, fica o desafio para os leitores: se notarem alguma falha no raciocínio acima, não deixem de o expressar nos comentários.

Multas e coimas

Quando levamos com uma multa ou uma coima, sobretudo quando nos consideramos cidadãos respeitadores das regras, o primeiro sentimento é quase sempre de injustiça. Aconteceu comigo há uns meses, depois de seguramente mais de uma década sem qualquer multa. Estacionei num local em Lisboa, tirei o ticket da EMEL, fui à minha vida e voltei. Para grande azar meu, tinha estacionado num lugar da Polícia! A sinalização vertical não estava visível porque estava uma carrinha enorme a obstruí-la, e a sinalização do chão estava coberto de folhas (foi no Outono passado). Ainda fui falar com a Polícia (era mesmo em frente a uma esquadra), mas a resposta foi seca…

Quando recebemos muitos meses depois a notificação, nem sabemos muito bem o que fazer. Mas no processo de investigação que fiz na Internet, descobri vários sites.

O Multas e Coimas é um desses exemplos. Segundo as suas próprias palavras, o “Multas e Coimas é um site informativo que presta informação e esclarecimentos ao público em geral, sobre a aplicação de coimas e multas a pessoas singulares e empresas“.

O multas.PT é outro site com informação interessante, mas está um pouco desactualizado. Ainda assim, procure no mapa do site, pois alguma da informação não está directamente acessível da primeira página.

O site da ANSR é igualmente uma referência de consulta obrigatória. Se precisar, a página de FAQ explica muitas coisas, e a página de formulários têm vários documentos prontos a ser impressos (infelizmente, neste caso só em PDF, pelo que não editáveis electronicamente).

Quando receber uma notificação, o site Multas e Coimas sugere que seja sempre apresentada uma defesa ou exposição, de forma a que o processo seja tratado com intervenção humana, e não de forma automática. Mas como bem diz, não dispensa nunca a consulta da legislação em vigor ou eventual consulta de advogado…

Mapa de Estradas de Portugal

Agora que se aproxima o período de férias, são muitos aqueles que se deslocam pelo País. No Poupar Melhor, temos evidenciado algumas ferramentas que nos podem guiar por melhores caminhos, e mais baratos.

Na página das Estradas Rápidas, visível no menu do lado direito, incoporamos no Google Maps as estradas em Portugal onde não se anda a passo de caracol. No mapa visível nessa página, e que reproduzimos estaticamente abaixo, distinguimos as estradas pela velocidade, pelo tipo e se são pagas. As distinções efectuadas são as seguintes:

  • Vermelho: auto-estrada paga
  • Verde: auto-estrada gratuita, normalmente a 120Km/h
  • Azul: Via rápida, com duas faixas para cada lado, a velocidade normalmente elevada
  • Amarelo: Via rápida com passagens desniveladas
  • Preto: Estrada com velocidades tipicamente não inferiores a 70Km/h

Na página dos Pórticos SCUT no Google Maps evidenciamos os custos que se pagam nas autoestradas com portagens electrónicas.

Muitas vezes é possível evitar as autoestradas pagas sem grandes perdas de tempo. Referimos isso já em muitos artigos, mas deixamos aqui alguns apontadores:

Temos vindo a actualizar constantemente a página das Estradas Rápidas, mas se os leitores conhecerem mais algumas estradas que não estejam aí referenciadas, não deixem de nos as indicar nos comentários, ou por correio electrónico para pouparmelhor@gmail.com

Mapa Estradas de Portugal

Mapa Estradas de Portugal

Análise de tráfego TomTom

A TomTom revelou um estudo do tráfego em múltiplas cidades do Mundo, no que designa por Índice de tráfego TomTom. Desde 2007 que este fabricante de equipamentos de GPS estuda como guiar os condutores de uma forma mais precisa até ao destino. Com o suporte de milhões de clientes, capturaram dados de tráfego anónimos, que agora disponibilizam com este valor acrescentado.

O resumo do ano passado, para a Europa, está disponível neste documento. Aí se verifica que o maior congestionamento de tráfego se verificou em Moscovo, seguido de Istanbul e Palermo. Lisboa aparece na 24ª posição e o Porto em 44º.

Nos dados mais pormenorizados, calcula-se que durante um ano, um lisboeta que tenha um percurso de 30 minutos entre casa e o emprego, perda durante um ano 74 horas, ligeiramente mais de 3 dias, devido a atrasos. No caso do Porto, a perda anual é de 61 horas.

Durante a semana, em ambas as cidades, a terça-feira foi o dia da semana em que mais tempo se perdeu no trânsito, enquanto à tarde são as sexta-feiras as que nos fazem perder mais tempo no trânsito, conforme se pode ver nas imagens abaixo. No ano de 2013, o dia 19 de Dezembro foi o de maior confusão na capital, enquanto no Porto tal ocorreu a 27 de Setembro. No caso da capital, a greve no metro parece ter sido o factor catalisador, enquanto no Porto parecem ter contribuído vários factores, como um acidente significativo e as tradicionais obras à portuguesa

O estudo revela vários pormenores interessantes para outras cidades europeias, revelando subrepticiamente vários pormenores culturais e sociológicos…

Estatísticas TomTom para Lisboa

Estatísticas TomTom para Lisboa

Estat

Estatísticas TomTom para porto

Vantagens da condução sem travagens

Depois de vários artigos a falar sobre a condução sem travões, este artigo faz um balanço, nomeadamente das vantagens e desvantagens deste estilo de condução.

Ao conduzirmos sem travar, não estamos a desperdiçar a energia potencial que adquirimos. Estamos a conservar o momentum adquirido com a aceleração anteriormente efectuada. Quando travamos, essa energia potencial perde-se. Em carros híbridos, essa energia é parcialmente armazenada em baterias. Ao utilizarmos este estilo de condução estamos assim a conseguir as vantagens desses automóveis híbridos, sem termos que andar a passear as suas pesadas baterias!

Ao não utilizarmos os travões, estamos também a poupá-los de um maior desgaste.

Quando conduzimos concentrados em não travar, a velocidade média tende a ser menor. Tal traduz-se naturalmente em poupanças de combustível, pois para além de se pisar menos o travão, também se pisa menos o acelerador! Naturalmente, também a redução da velocidade média aumenta a segurança.

Ao seguirmos este estilo de condução, não nos colamos tanto ao veículo da frente. Tal representa também um aumento da segurança.

Ao evitarmos as travagens, tendo a pensar que estamos também a contribuir para que o enjoo a bordo tenda a ser menor. Mas esta dou de barato, pois uma das críticas à minha condução é que é muito enjoativa…

Em termos de desvantagens, os aceleras não gostarão muito dela. É verdade que se perde algum tempo, especialmente quando se tem de abrandar e deixar maiores espaços à nossa frente. Os Portugueses adoram preencher esses espaços vazios!

É igualmente uma condução com maior exigência intelectual, e logo porventura mais cansativa. Todavia, no meu caso, tende a ser um factor de concentração.

Abrandar a subir e a descer

A subir e a descer

A subir e a descer

Quando se conduz sem travar, o conceito de abrandar é muito importante. E abrandar, em autoestradas, significa para mim largar o acelerador! Só muito raramente significa uma mudança de caixa, coisa que normalmente só acontece em subidas e descidas acentuadas.

Abrandar a subir e a descer é totalmente diferente. Quando retiramos o pé do acelerador, e vamos a subir, o veículo rapidamente reduz a sua velocidade. Quando o largamos numa descida, pode mesmo querer dizer que a velocidade pode continuar a aumentar.

A diferença entre os dois cenários resume-se normalmente à distância que é necessário manter para os carros da frente, se não os quisermos ultrapassar. Assim, essa distância deve ser maior na descida, para acomodar um abrandamento a maior velocidade. Já numa subida, a distância que nos separa do carro da frente pode ser menor, pelo que se for necessário abrandar, rapidamente a velocidade diminuirá…

A separação do carro da frente é fulcral, e quando essa distância é muito pequena, é frequente vermos nas autoestradas os carros a fazerem travagens. Em cenários de maior tráfego, rapidamente veêm-se as ondas vermelhas das luzes de stop a propagarem-se! Tal é especialmente visível de noite.

Resumindo: o cálculo da distância que nos separa dos carros à nossa frente é muito importante para nos permitir jogar com um eventual abrandamento, nas subidas e descidas. Esta é igualmente uma daz razões que faz com que esta técnica de condução seja particularmente segura, sobretudo quando comparada com a condução em que os carros praticamente se “beijam”.