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A Via Verde, a Via Livre e o legalês galopante

Guaranteed 100% pure bullshit

Guaranteed 100% pure bullshit

Aqui no Poupar Melhor já falámos muitas vezes sobre as ex-Scut e sobre os seus pórticos. Podemos mesmo dizer que somos especialistas na matéria, mas esta foi para nós uma experiência completamente nova.

Há uns dias recebi uma carta de uma tal de Via Livre. Na carta que me enviaram desta empresa de que nunca tinha ouvido falar vinham duas páginas de referências a articulados, da escolha do emissor naturalmente, a acusar-me de ter o pagamento da passagem nos seus pórticos na Via do Infante em agosto de 2014 em falta. Preocupou-me o tom acusatório e a ameaça de contra-ordenação que daria em coima pelas histórias que conhecia.

[…] na autoestrada A17, de uma taxa de portagem de 24,75 euros, que “veio a dar lugar ao pagamento de uma coima no valor de 1.237,50 euros”, acrescidos de 76,50 euros de custas processuais”.

Como em todas as ex-Scutt, a falha de leitura da Via Verde nos pórtico acontece sem que o utente seja avisado no momento da passagem.

Conversando com a Via Verde, indicaram-me o que deveria comunicar à empresa Via Livre. Tudo indica que na receção de uma carta com o teor da que refiro, devem comunicar imediatamente com o emissor a informação de que são clientes da Via Verde e desde quando.

No meu caso, sou cliente da Via Verde pelo menos desde 2003. Assim, seguindo as instruções da própria Via Verde, o que fiz foi retribuir o favor que a Via Livre me fez, e escrever uma carta em termos em tudo semelhantes:

Boa tarde,

Relativamente à vossa carta da passada semana, onde referiam a instauração de um processo de contra-ordenação ao proprietário da viatura a matricula NN-XX-NN que, de acordo com o articulado de vossa escolha, entenderam tinha em falta o pagamento da passagem nos pórticos no dia 16 de agosto de 2014, junto à localidade da Guia, no Algarve, informo que a viatura em causa tem contrato com a Via Verde desde o ano 2003.

Entendo que a existência do contrato com a entidade Via Verde e os meios que V.as Ex.as e os vossos associado/clientes/parceiros têm vos obrigam a manter processos e meios eficazes e eficientes de forma a que os vossos clientes/utentes não sejam incomodados com linguagem intimidatório-jurídica contendo acusações onde lhes imputam as falhas desse processos e meios.

Assim, agradeço que até ao próximo dia 19 de fevereiro de 2015 procedam:

  • Ao envio de uma carta com o pedido de desculpas face à falha do vosso processo, onde devem mencionar que não se encontram quaisquer valores sem pagamento à data da emissão da carta para a viatura em causa;
  • À inscrição da descrição desta não conformidade/insatisfação no que entenderem chamar ao vosso processo de gestão de qualidade/satisfação/processos para que seja avaliado no âmbito da melhoria continua da vossa instituição.

Cumprimentos

Álvaro M. Ferro
http://www.pouparmelhor.com/

Por hábito não me dirijo neste tom autoritário a ninguém, mas no caso de cartas de duas páginas com articulados jurídicos a indicar obrigações e deveres pelo número e alíneas da legislação em vigor abro uma exceção. O tom intimidatório, acusatório e prepotente em que são escritas as palavras na carta baseiam-se apenas em certezas sobre a culpabilidade do recetor da comunicação.

A carta não me indica que tenho um pagamento em falta e que devo regularizá-lo. Escala de “pagamento em falta” para “contra-ordenação” sem sequer se perguntar se o pagamento em falta se deveu a uma avaria dos meios de cobrança do próprio emissor.

Os pórticos das ex-Scut têm a particularidade de, independentemente do resultado da leitura do identificador na viatura, não darem qualquer informação do sucesso ou insucesso da leitura ao condutor. Quando o sistema dos pórticos falha, o condutor, que nada tem a ver com os pórticos, fica com a obrigação de retificar o erro que não cometeu e que não tem qualquer razão para ir verificar se ocorreu uma vez que é portador de um dispositivo eletrónico de identificação do seu veículo.

O site da Via Livre explica-nos como funciona, em português do antigo, claro está:

Como se pode pagar a taxa de portagem numa auto-estrada sem portagem manual, ou seja, com portagem exclusivamente electrónica?
O utente deve adquirir e instalar um DE (que pode ser um DEM, um DECP ou um DT) junto de uma entidade de cobrança de portagens, aderindo a um sistema de pagamento, o que permitirá accionar esse sistema de pagamento sempre que a passagem do DE seja detectada pelo pórtico de portagem.Se o utente não dispuser de um DE, poderá regularizar o pagamento a posteriori, no prazo de 5 dias úteis, realizando o pagamento nas Estações dos CTT, na rede Payshop e noutros locais que venham a aderir ao sistema, bastando para isso que o utente indique o nº da sua matrícula. Não procedendo a essa regularização, será considerado um infractor, e receberá na sua morada a respectiva notificação

Aqueles acrónimos (DEM, DECP, DE e DT) são-nos explicados pelas perguntas frequentes. Perguntas que nunca imaginaria fazer a mim próprio, como “o que é um DEM?” ou “O que será um DE?”, passarão a ser perguntas frequentes durante a leitura destas perguntas frequentes. Tudo de bom, é o que nos espera da leitura de perguntas frequentes que nos deixam com mais perguntas… e daquelas frequentes.

Ficamos pois a saber que, ao final dos ditos 5 dias somos “infratores” e seremos “notificados”. Tudo muito oficial e juridicamente bem construído para que não haja dúvidas de que pagamos ou somos uns grandes malandros.

Se ainda assim subsistirem dúvidas, já sabem, podem ligar para um número daqueles que se pagam a eles próprios: 707.

Assim, e de modo a tornar mais segura e transparente a informação que os consumidores detêm sobre estas gamas de numeração, foi determinado que as ligações para números iniciados por 707 e 708 não poderão ser tarifadas a mais de €0,10 por minuto nas ligações com origem nas redes fixas e a mais de €0,25 por minuto nas ligações originadas pelas redes móveis. A tarifação será feita ao segundo a partir do primeiro minuto.

Ou então, um número 808

“[…]preço de uma chamada local: 0,0861€ no primeiro minuto e 0,0391€ por minuto nos minutos seguintes (IVA incluído).

Ou então podem usar o formulário no próprio site, indicando o número da notificação e demais informação, mas atenção, a Via Verde “Alerta” que:

Sem prejuízo do compromisso de confidencialidade (que se deve ter como uma obrigação de meios) referente à utilização de dados pessoais, a VIALIVRE, S.A. alerta que existem riscos relacionados com a Internet e bases de dados, sendo possível que os dados pessoais constantes do portal possam ser captados e/ou transferidos por terceiros.

Se não confiam na Internet e não se responsabilizam por coisa nenhuma porque na Internet acontecem… coisas, não deviam pedir no homepage do site que colocássemos lá informação. Talvez tenham escrito isto como um incentivo para se usar os números 707 e 808 sugeridos…

Este mau hábito de dar ao acusador toda a liberdade de agir a seu belo prazer e como se a condenação já tivesse sido passada começa a tornar-se um clássico. Provavelmente pelo excesso de juristas que a nação está a produzir e com tanta oferta de juristas, imagino que a procura esteja a baixar e isso leve os que ainda exercem a apresentar resultados dê por onde der.

Enquanto Portugal for um Estado de Direito Democrático, os seus cidadãos só são culpados após transitado em julgado.

Às voltas no aeroporto de Lisboa

Da última vez que cheguei ao aeroporto de Lisboa, para além da história dos taxis, dei-me conta que algumas coisas mudaram, para muito pior.

A mais significativa é o local onde os passageiros agora são despejados, aqueles que são levados de autocarro a partir do avião. Quando o autocarro não parou no local habitual anterior, fiquei a pensar no que estaria a acontecer. Para minha grande surpresa, fomos levados para o topo norte do terminal principal do aeroporto da Portela. Para começar, foi subir as escadas com as malas, pois a escada rolante estava avariada. Mas foi só quando percorria depois o espaço das lojas comerciais, todas fechadas naquela altura, que percebi imediatamente o esquema.

Quer dizer, na verdade na altura não me dei conta que podem haver vários esquemas envolvidos. Para além de tentarem dinamizar as lojas, provavelmente para justificarem um posterior aumento da renda, porque tem mais passageiros a passar por lá, se calhar há outras motivações.

Um exemplo é o dado pelo aeroporto de Houston, que fez um grande esforço para reduzir o tempo de espera de bagagens. Ainda assim, as queixas dos passageiros era muito elevada. Quando perceberam bem o problema, que para eles era os passageiros chegarem demasiado depressa à zona de bagagens, obrigaram-nos a fazer um percurso seis vezes superior!

Lendo uma entrevista deste ano de Jorge Ponce Leão, até se percebe que o objetivo passado para a opinião pública seja distinto:

  • Um aeroporto não é um centro comercial. Antes de ter consumidores é fundamental ter passageiros, sem os quais não teremos consumidores.

A leitura do resto da entrevista dá mais sinais contraditórios. O Presidente da ANA fala no “conforto do passageiro” e na “redução dos gazes com efeito de estufa“, mas na prática esta medida de obrigar os autocarros a dar uma volta maior e obrigar os passageiros a fazer longas caminhadas, tem efeitos exactamente opostos!

Se multiplicarmos o tempo que cada passageiro perde nesta caminhada, pelos milhões de passageiros que ali passam por ano, logo percebemos no desperdício colectivo que constitui. Mas, como o artigo do New York Times refere, é tudo uma questão de percepção…

121º táxi: o do truque para apanhar táxi nas partidas e da volta das chegadas à saída do aeroporto de Lisboa

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana divertimos-nos com um segredo que sempre soubemos e nunca nos tínhamos lembrado de publicar. Discutimos também a forma como o Aeroporto tinha mudado os cais de desembarque dos autocarros de transporte de passageiros no que parece ser uma manobra para alterar a percepção destes passageiros em relação ao tempo de espera pelas bagagens.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do Poupar melhor está também no iTunes

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Taxi no aeroporto de Lisboa

Taxis no aeroporto Lisboa (foto retirada daqui)

Taxis no aeroporto Lisboa (foto retirada daqui)

A última vez que cheguei ao aeroporto da Portela, e tive que apanhar um taxi, nem queria acreditar: a fila de espera dava várias voltas e era a perder de vista! Ao ritmo a que escoava, provavelmente daria para uma hora de espera…

Aí apercebi-me que talvez tivesse sido má ideia não deixar o carro estacionado num parque da ANA, mas apenas os parques mais caros estavam disponíveis na altura, pelo que também descaratara essa hipótese.

A minha esposa salvou o dia: sugeriu que utilizassemos os taxis da zona de partidas. Na verdade, pensava que tal não era possível, mas resolvemos experimentar.

Na zona de partidas, foi chegar, entrar num taxi e partir! Nem queria acreditar… Tal foi o meu espanto que perguntei ao taxista se aquilo era uma praça de taxi a sério? Sim, foi a resposta do taxista, provavelmente surpreendido com a minha pergunta.

Posteriormente, descobri na Internet que é um expediente de conhecedores e passageiros frequentes. Se a isso somarmos o truque das tarifas dos taxis, que utilizei também nesse dia, pois o taxista tentava-me convencer novamente das virtudes da CRIL, poupamos muito tempo e dinheiro nesse dia!!!

Acidentes de aviação

Todos nós temos um certo receio de voar. Não interessa muito que digam que é um meio de transporte muito seguro, ou outros argumentos. Na minha perspectiva, é normal que assim seja, por menores que sejam as probabilidades…

Parte da imagem da segurança da aviação vem do facto de que muita da informação nesse domínio não tem grande exposição pública. Ao contrário dos acidentes…

Para explorar o domínio das estatísticas dos acidentes de aviação, a BBC produziu um infográfico dinâmico muito interessante sobre os riscos de voar.

No infográfico, de que extraímos o exemplo abaixo, podemos filtrar os acidentes por várias variáveis, incluindo a fase do voo em que o acidente se verificou, a causa do acidente, podendo ainda ordenar-se os acidentes em termos temporais ou por fatalidades. Em termos históricos mostra também que este ano de 2014 foi, até agora, o ano com menos acidentes, embora dois deles, ambos envolvendo a Malaysia Airlines, tenham tido ampla divulgação, pelas particularidades de cada um dos acidentes…

Riscos de Voar

Riscos de Voar

Exame de código

Seguir em frente!

Seguir em frente!

Fazer um exame de código é sempre stressante. Ainda me recordo de quando fiz o meu há muitos anos atrás… E hoje, assim continua a ser, até porque os dados estatísticos mais recentes (2011 !) revelam que cerca de um terço dos candidatos chumbam na prova.

Para podermos sonhar em conduzir um automóvel, a lei exige que nos inscrevamos numa escola de condução. As escolas de condução procurarão, naturalmente, encaminhar-nos para soluções de apredizagem que constituirão uma boa maquia. Felizmente, nestes tempos de partilha de informação, é muito simples aprender online!

Um bom sítio para começar, para quem se está a preparar para o exame de código, é o site do IMTT. Nos links a seguir podem consultar todas as perguntas que podem sair no exame, milhares delas, bem como as possíveis respostas! Infelizmente, só não estão assinaladas as respostas correctas:

Mas mais interessante é simular a prova propriamente dita. Encontrei vários sites online, que a seguir referencio, bem como alguns aspectos que me chamaram a atenção. Se conhecerem mais alguns exemplos, digam nos comentários, que eu adiciono:

Mas a melhor fonte de estudo é provavelmente o site “Dicas do Código da Estrada“. Nele encontrarão as milhares de perguntas do IMTT acima referenciadas, corrigidas! Uma referência absolutamente obrigatória para quem vai fazer um exame de código…

PS: O site BomCondutor refere nos comentários abaixo um pormenor importante: os dados disponibilizados pelo IMTT, e pelos sites que dele dependem, não estão actualizados. Nada que me admire, dada a minha experiência passada